Deus como um “GPS”!

À PROCURA DA PALAVRA
P. Vítor Gonçalves

DOMINGO XXVIII COMUM Ano B

“Bom mestre, que hei-de fazer
para alcançar a vida eterna?”
Mc 17, 17


A ideia surgiu a partir de um texto do P. Nuno Tovar de Lemos (“Imagens distorcidas de Deus”- basta procurar assim na net!) e foi proposta às futuras educadoras de infância. Apareceram inúmeras imagens (umas distorcidas e outras não) mas não resisto a partilhar esta de uma aluna: “O “Deus GPS”: que nos guia para não nos perdermos; vai revelando o caminho à medida que andamos e, mesmo quando escolhemos outro caminho, põe-se a pensar numa alternativa para chegarmos à meta, que é a felicidade!” E eu que, até há tempos, tinha elogiado a “vida sem gps”, fiquei a sorrir com a aquela comparação. De facto Deus propõe uma meta para todos e até faz “sugestões” de qual o melhor caminho (Jesus, não é verdade?), mas não determina a nossa escolha e, perante as direcções contrárias ou enviesadas que tomamos, lá vai propondo novas rotas, sem nunca desistir e até “aproveitando” as “linhas tortas” que fomos traçando para crescermos em sabedoria!
O homem rico que hoje pergunta a Jesus sobre o que lhe falta para alcançar a vida eterna é um “campeão” no campeonato dos mandamentos. Tudo cumpria desde a juventude (curioso, pois costuma ser nessa altura que menos apetece “cumprir” o quer que seja!). Representa aquela “religião dos méritos”, que produz “bem-comportadinhos”, desejosos de alcançar a salvação como “prémio” dos seus esforços. Valoriza o que faz, sente-se merecedor das bênçãos de Deus, tem o coração e a vida controladas: generosidade, gratuidade, responder com amor ao amor recebido não fazem parte do seu modo de viver. Peço-te perdão, homem a quem Jesus olhou com simpatia, não te quero julgar, mas revejo-me também em ti quando não tenho coragem para me desprender das minhas seguranças, para amar mais gratuitamente e sem medida, para mergulhar nos olhos de Jesus!
Facilmente poderíamos olhar para este texto como justificativo para aqueles que abraçam uma vocação de especial consagração na Igreja e no mundo. Santo Antão, no início do século IV, tomou-o à letra, desfez-se de todos os bens e partiu para o deserto como eremita. Francisco de Assis despiu as vestes na praça da sua cidade e “desposou” a senhora pobreza. Mas significa ele uma rejeição dos bens? Não será também convite à sabedoria de uma relação harmoniosa com todas as dimensões do corpo e do espírito? A sabedoria da relação com Deus e com os outros como tesouro maior do que a ânsia em acumular coisas; sabedoria da generosidade e da alegria de fazer bem a quem precisa; sabedoria de partilhar o encanto de coisas que não são só nossas! O “GPS de Deus” mostra-nos que também no caminho já se saboreia e vive a meta. Porque é isso seguir Jesus: tudo viver com Ele!

1 comentário:

Graça Pereira disse...

Gostei do texto.Vim aqui parar, porquê? Porque o GPS de Deus me mostrou este caminho. Sei que tudo que Ele faz tem uma intenção. Conheço-O! E virei mais vezes.
Um abraço. Graça